sexta-feira, 27 de junho de 2014

A Maldita Condução

Desde quando ser menos abastado virou sinônimo de falta de educação? Depois de algum tempo sem pegar ônibus, resolvi dar uma trégua pro meu bolso e peguei uma "condução" para o trabalho. 

Fiquei estarrecido com o volume que as pessoas falam uma com as outras no ônibus. O volume dos fones de ouvido, então, nem se comenta. 

Mas o que mais me chama a atenção é a falta de cuidado com o outro. Pessoas que estão dividindo o mesmo espaço que você. Seja pelo volume da voz ou do sei fone de ouvido, mas principalmente pelas bolsas, mochilas e sacolas. 

Perdi as contas de quantas vezes fui açoitado por alças ou tive que ajeitar meu cabelo porque alguma bolsa resolveu desalinhar a divisão do meu cabelo partido especialmente de lado para um dia de treinamento corporativo. 

Eu ando de mochila pra cima e pra baixo. O homem moderno não tem mais apenas a carteira e as chaves para carregar. Temos celulares, baterias extras, cabos, fones de ouvido, caderno de anotações entre outras coisas. E eu sempre tomo o cuidado para que minha facilidade não se torne um incômodo para outras pessoas. Ocupo uma cadeira com minha mochila apenas se há outros lugares disponíveis no ônibus, por exemplo. 

Mas essas situações  de  hoje me incomodaram tanto, que precisei escrever para desopilar meu fígado (risos). Um post rápido, quase indolor, tirando meu joelho que foi acertado por uma mochila que, sem dúvida, tinha pedras de granito em seu conteúdo. 

Pronto, falei. 

No iPod, Paula Cole canta Pearl. 

sexta-feira, 20 de junho de 2014

A Beleza Necessária

Recentemente, um amigo chamou a minha atenção quando troquei minha foto de perfil do Facebook. Nela, uso uma peruca longa, meio hippie, meio descabelada, com óculos escuros, boné e, de quebra, não estou sorrindo na foto. Foi quase que instantânea a reação dele que pipocou com um "que foto é essa?" No meu whatsapp (preciso falar desse aplicativo, depois. Me lembrem!) seguido de um "pare de se enfeiar".

Jelipir - rebatizado aqui por mim para preservar sua identidade original - acabou fazendo que eu me confrontasse com uma das realidades que sou inserido: a da beleza necessária. Quem seriamos nós, nas redes sociais, se não fosse essa tal beleza? Fotos de perfil, imagens de capa e tudo o mais que estão nas redes sociais acabam por criar uma imagem errada de quem somos na realidade. 

Existe uma prioridade em estar bem. Falsa, porque é apenas a necessidade de mostrar que está bem. Que está curtindo um bom prato, em um bom restaurante, em boas companhias.

É quando alguém nada contra a maré. Publica uma foto sem sorrir ou com tons mais escuros. E aí, vamos a exacerbação da "preocupação". Mensagens instantâneas aparecem em série. Como se uma imagem negra fosse um pedido de socorro, uma pedido de ajuda. 

O mais incrível é que, a grande maioria dos meus contatos, tem meu telefone. Meu whatsapp. Outros meios de mensagens. Pouquíssimos tiveram a  dignidade de ligar para sondar se tudo estava bem. Muitos, apenas comentaram o post com um "você está bem?". 

Até, eu até pensava que me abstinha desse conceito da Beleze Necessária. Quem me acompanha por outros meios que não seja o blog, conhece a minha fama de fazer careta, dar língua - muito antes de Miley Cyrus transformar isso em sua marca registrada - usar mascaras ou postar fotos horrendas criadas a partir de aplicativos do celular, sem ser uma tentativa de nadar contra a maré. É apenas para me divertir. 

Contudo, parece que muita gente se irrita com isso. Como se a publicação de uma imagem que não necessariamente exacerbe o que eu tenho de bom seja uma afronta a essas pessoas. Mas eles falham em perceber que, na verdade, estou apenas me divertindo. 

Contudo, não estou livre dessa necessidade de aceitação generalizada através de uma foto que mostre meus lábios carnudos, dentes brancos, sorriso perfeito, olhos sem marcas de expressão. Mas não. A Beleza Necessária é tão inebriante que, diante de uma imagem manipulada para que vc se pareça com um zumbi, um vampiro ou um lobisomem, as pessoas apenas riem para depois dizer o quanto você é bonito abaixo de toda aquela maquiagem. E eu gosto disso, também. 

Embora tenha parecido uma apologia à mim mesmo, esse última parágrafo, acreditem, não é. Não vou dizer a vocês que me sinto horrível, mas estou longe de me achar a ultima bolacha do pacote ou a ultima coca-cola gelada do deserto. Meu espelho tem sido cruel comigo nos últimos anos e essas palavras dos amigos servem de afago para meu ego, já tão machucado por tantas coisas que permeiam minha vida. 

(Aproveito aqui, para agradecer a cada um deles, publicamente, pelas palavras de carinho que recebo aqui, no facebook, twitter, instagram e todas as outras mídias que estou inserido.)

Enfim, a cada post que lemos ou acompanhamos, vemos a exacerbação das qualidades físicas enquanto percebe-se, a cada dia, que os defeitos são escondidos a sete chaves, nas redes que priorizam apenas o bem-estar, em detrimento da realidade da vida.

Queria ser diferente. Postei alguns textos do blog lá no Facebook. Mas não deu audiência. Então, resolvi não tentar mais aliar um e outro. O Menino blogueiro é diferente dO Menino do Facebook. 

Se é assim que tem que ser, que assim seja. 

No iPod: 2 Unlimited me leva de volta ao passado com Magic Friend. 
No iPad: Mais um episódio assistido de As Panteras. Estou terminando a terceira temporada. 

sábado, 14 de junho de 2014

A Experiência Universal

Meus amigos me conhecem pelo eterno moleque que sempre fui. Responsável ao extremo no trabalho, me deixo solto quando penduro a gravata e tiro o sapato social, tentando aproveitar ao máximo as oportunidades que a vida me apresenta, com bom humor, leveza e sempre carregando um sorriso no rosto. 

Dessa vez, passando por Orlando, tive a chance de conhecer mais um parque da cidade. Para deleite de duas colegas que não haviam ainda entrado nesse mundo mágico dos parques temáticos da Florida, acabei indo com elas para o Universal's Islands of Adventure.

Sempre carismáticos, fomos recebidos por inúmeros sorrisos e desejos de "bom divertimento". Já no estacionamento, percebemos a organização do negócio. Os carros vão parando na vagas, um após o outro, sem a permissão de estacionar onde quiserem. Precisam seguir a ordem que estão sendo apontados é, acreditem, isso faz diferença. Em minutos, um andar inteiro é preenchido de automóveis, sem que fiquem vagas ou a necessidade de procurar por elas. 

Na fila para a compra dos bilhetes, monitores gigantes informam preços e condições meteorológicas. Nesse parque, em específico, é possível promoção um ingresso que vale para o outro parque do mesmo estúdio: Universal Studios Florida. Como tínhamos pouco tempo, decidimos pelo bilhete simples para apenas um parque. 

Demos sorte do parque não estar tão cheio. Apesar disso, pegamos uma média de 30 minutos de fila por atração, o que não é muita coisa, levando-se em consideração os 90 a 120 minutos que podemos pegar, nas altas temporadas. 

Uma dica para isso é comprar o chamado Universal Express. Com esse bilhete especial, pegamos uma fila diferente, bem menor, com prioridade de embarque nas atrações. O preço de entrada comum, já comas taxas, fica em torno de US$102,00. Com o Universal Express, esse preço sobe para US$185,00. Contudo, acredito que seja diversão ininterrupta. 

Outra manhã para esse parque é iniciar pela ala dos Super Herois. É uma parte mais clássica do parque, com brinquedos mais antigos, apesar da manutenção os deixarem sempre em perfeitas condições de uso. Contudo, a tecnologia utilizada na ala do Harry Potter, por exemplo, pode diminuir a sensação de diversão das outras, caso seja usufruída antes. 

Antes de começar a brincar, procure o stand do Capitão America. É logo na entrada, à direita. Lá, você poderá comprar um copo da Coca-Cola Freestyle. Esse copo pode ser enchido "gratuitamente" em vários pontos do parque com mais de 100 opções de bebidas. Só de Coca-Cola, são 9 opções, incluindo a diet, caffeine free, sugar free, lime, vanilla, cherry, vanilla-cherry, raspberry, zero é lime-vanilla. Para os que não bebem refrigerante, tem limonada e ice tea. 

Se jogue de cara na montanha russa do Incrível Hulk. Além da alta velocidade, vários loopings e, óbvio, muita gritaria, é o início perfeito para o dia de aventuras. Esse brinquedo te surpreende logo no início, antes da primeira queda, mas vou me abster de comentar para não estragar a surpresa de quem vá depois. Mas o resultado, sem dúvida, é sair do brinquedo descabelado e suando, de tanta adrenalina.

A queda livre do Dr. Destino também me surpreendeu. Para quem já foi ao Hopi Hari, esse brinquedo é semelhante à Torre Eiffel. É menor a altura, contudo o susto é muito maior porque o elevador sobe repentinamente sob o efeito de luzes estroboscópicas e cortina de fumaça. Depois, despenca sob aceleração. A risada vem depois, de nervoso. Mas a experiência é incrível. 

O 3D do Homem-Aranha é outro clássico dessa área. Num carrinho, vc é levado pelas ruas de uma Nova York sob ataque de vários dos inimigos do aracnídeo. Sinta-se jogado de um lado pro outro, para cima e para baixo e, de novo, em queda livre, depois que os vilões resolvem te atacar para chamar a atenção do herói. É uma experiência puramente visual, mas que vale a pena. 

Aproveite o dia quente na ala do Jurassic Park. Com muitos brinquedos que molham de verdade, leve uma muda de roupa e uma sandália tipo papete ou crocs. Esses brinquedos  são divertidos, mas o calor exagerado junto com a roupa molhada são um convite a uma dor de garganta ou uma gripe - ambas indesejáveis quando se está de férias. 

Saia da floresta e entre no espetacular mundo de Harry Potter. Passe pelos portões de Hogsmeade, tome uma cerveja amanteigada e siga para a esquerda para sua visita a Hogwarts. É lá que vc vai fazer um passeio de vassoura com o próprio Harry, em torno do castelo, passando pelo meio de uma partida de Quadribol, fugindo de dragões e, claro, de Malfoy e dos Dementadores.

O vôo do Hipogrifo acaba sendo uma atração mais infantil e mais tranqüila, depois de passar pela montanha russa do Hulk, mas vale a pena para olhar os arredores do parque - e dar um descanso para o labirinto que já vai estar doido com tanto sobe e desce. Aconselho. 

De repente, chega-se na montanha mais ousada do parque: a Dragons Challenge. Veloz, com mais loopings e rasantes em florestas e riachos, a característica principal dessa atração é a falta de apoio para os pés, que ficam pendurados durante todo o vôo. Mais uma vez, chega-se suado e rouco no final da atração, mas com a risada solta de tanta adrenalina. 

O parque ainda conta com mais duas alas que não tivemos tempo de explorar: O Continente Perdido e a Terra de Seuss. Pelo que vimos, são atrações mais teatrais e infantis, mas tudo vale a pena pela ambientação perfeita de tudo, nos mínimos detalhes. 

Em resumo, um dia no qual a maior preocupação era curtir e ser feliz, com as companhias das colegas Maria Oshino e Laura Heller, a que devo agradecer imensamente por embarcar nessa maluquice comigo e se deixar ser criança de novo. 

terça-feira, 10 de junho de 2014

Aliança

E então o filho nasceu gay. Desde pequeno exibe trejeitos menos masculinos, dança, canta, adora interpretar e tem os sentimentos à flor da pele. Desde pequeno, lembra-se de observar atentamente os corpos masculinos nos vestiários dos clubes de natação que freqüentava, sem sentido sexual, por causa da tenra idade, mas com uma adoração daqueles corpos já formados. Músculos e pelos. A forma masculina em sua essência. 

Chegou a adolescência e, com ela, os desejos. Observar já não era mais suficiente. Mas todo o peso da sociedade, da moral e dos bons costumes resolveram cair sobre seus ombros. Em 1989 deu seu primeiro beijo, com uma menina que seria a consorte da Rainha do Axé, em 2013. Seguiu-se a grande paixão platônica da adolescência, Daniela. Depois, a primeira namorada fora dos muros do colégio,  Ana Paula. E assim vieram Marianne, Daniela, Flavia, Cristina e, enfim, Manuela, com quem passou belos anos e teve, pela primeira vez, seu coração inteiramente destruído. 

Nesses anos todos, quis realmente estar com todas elas, mas jamais deixou de observar a forma masculina. Modelos de sunga em outdoors captavam seus olhares. Capas de revistas com os galãs do momento o faziam pensar como seria estar com um deles. Entre uma e outra, claro, se deixava brincar com colegas de classe, amigos da natação ou os próprios vizinhos, curiosos, experimentais, se descobrindo e gozando cada momento. 

Aproveitou seu momento olimpiano. Atleta, campeão, corpo escultural, popular na escola ou onde passava, atraia olhares, sorrisos e galanteios. Exibia em regatas os músculos torneados dos braços, em bermudas as pernas definidas e, quase sempre sem camisa, o desenho dos peitorais trabalhados na água e o abdômen sem dobras. Reto. Liso. Teso. 

Com o coração partido, reencontrou uma amiga de infância, que conhecera quando tinha apenas 5 anos. E assim, teve seu primeiro contato com um mundo heterogêneo. Sem que ela soubesse de suas parcas experiências, o apresentou ao novo mundo, do qual nutria um eterno receio. Mas a música foi mais forte, o ritmo o dominou e, quando menos havia percebido, a pista de dança o tragava. Logo, serviu de ombro amigo para as confissões de sua amiga e, em seguida, usou o dela para se confessar: era gay. 

Dai, a inevitável sucessão de amores, idas e vindas que aqui ainda não cabe descrever. Até que 10 anos depois, por arte do destino, Jeci - grande amigo feito nesse meio tempo - lhe apresenta Vapes. E o que era para ser apenas uma daquelas paixões avassaladoras, se transformou em uma relação. Em uma parceira que, desde 2005, faz parte de sua vida. 

Nesse tempo todo, viveu às escondidas. Seus pais, alimentados pela gama de meninas que os apresentara ainda adolescentes, sonhavam com a tradicional família homem-mulher, com casamento na igreja, lua-de-mel, compra de apartamento, carro, filhos e preocupação com a educação deles. 

Mas ele não estava destinado a seguir esse destino imposto para si. Vapes se tornou seu companheiro. E hoje, 2014, ainda juntos, como todo casal, enfrentam uma montanha-russa de emoções. Aparam arestas, arrumam essa casa louca que é o coração, sempre em dúvidas se estão certos, mas com a certeza de querer uma coisa em comum: estar juntos. 

No meio desse mar de vida, decidiram que era hora de um passo a mais. Numa noite, depois de um papo gostoso e leve como há muito tempo não haviam tido, surge o pedido. Era 02 de Maio. Mais de um mês depois, 07 de Junho, eles trocaram alianças e assim, ficaram noivos. 

O que vem a seguir, é futuro.
Como todo futuro, ainda não está escrito.
Mas está destinado a ser o que quer que seja. 
E que seja o que os dois quiserem.
Porque a Deus pertence
Mas o arbítrio é deles.

domingo, 8 de junho de 2014

Sobre "A Culpa é das Estrelas"

(Não contém spoilers)

Depois de toda uma efusão de trailers e propagandas a respeito de "A Culpa é das Estrelas", me rendi a assistir ao filme na noite desse sábado com um grupo de amigo bem heterogêneo. Um heterocasal, uma heteromina e mais 4 homocaras, além de Vapes e eu (estou avisando ao autor de Cinema, Homens e Pipoca que peguei os nomes acima emprestados do blog dele).

É incrível como a percepção do filme varia de uma pessoa para outra, de acordo com sua vivência pessoal. Para uns, apenas um filme que foi feito para fazer chorar. Para outros, uma recordação de uma experiência que deveria ser esquecida (seja ela uma doença, um parece adoecido ou um amor que não deu certo). Para outros tantos, uma melação que poderia destruir, em teor de glicose, uma mistura de açúcar, marshmallow e chantilly. 

Para mim, foi uma poesia em forma de filme.

Poesia que faz você se apaixonar por Hazel Grace Lancaster, personagem principal da trama, pela sua atitude prática em relação à vida e sua condição terminal.

Poesia que faz você delirar ao conhecer Augustus Waters e seu sorriso cativante, sua insistência por uma vida de amores e risos, sua incansável paciência e a certeza de que tudo ficará bem.

Poesia que faz você abrir seu coração e ver, que além dos problemas, você pode ser feliz nos infinitos momentos que podem ser criados quando um coração encontra outro. 

Em um mundo no qual as relações estão baseadas na efemeridade e no sexo, assistir o desenrolar de um romance meio que à moda antiga, nos faz lembrar que existe ainda magia nesse mundo, que a espera pode ser vantajosa e que amar jamais é demais. 

Junte todos os vampiros e lobisomens adolescentes conhecidos do cinema atual.  Junte a eles, os anjos e caçadores de fantasmas dos livros adolescentes. Eles jamais chegarão ao pés de Gus e sua inverossímil complacência e atitude positiva. Sequer conseguiram limpar o chão onde pisa aquele que mostra uma fúria imensa, mas contida, ao ver os pedidos do amor de sua (curta) vida serem despedaçados por outra pessoa, que sequer merecia sua atenção. E o mais importante: se deixe levar pelo sorriso garoto, maroto, escroto, incontido e moleque de um adolescente que quer tudo, exceto o esquecimento. 

Hazel Grace é a antítese das mocinhas chatas, carentes e insuportáveis que temos visto por aí. Viaje em suas atitudes maduras, seus conselhos super diretos e a beleza da voz impressa por Shailene Woodley (de Divergente, 2014) à sua personagem. Meio menina, meio mulher, o tom rouco compõe uma impresso de fragilidade, que se confunde com a força que ela cria a partir, apenas, da aceitação inegável de sua doença. 

Cheguei leve em casa. Com aquela sensação de alma lavada. Por lágrimas, seguramente. Já que o filme é uma mescla de risos, sustos, amores e choro. 

Leve um lenço. E divirta-se com essa lindamente contada história. 

iPod em silêncio. 
No iPad, apenas o som das palavras tomando forma para esse post. 

terça-feira, 3 de junho de 2014

A Constância da Escrita


Escrever é um exercício constante. Desde o início do blog, em 2003, as idéias vem e vão em ondas. Quando as colocamos para fora, parece que tomam vida e passam a vir com mais força. 

Um dos exemplos para mim mesmo é o blog. Abandonado por meses a fio, basta voltar a escrever para as idéias fluírem como se nunca tivéssemos parado de ter essa interação, eu e ele.

A diferença é que o público que freqüentava o acervo de pescarias mentais acaba por abandonar, depois de algum tempo sem notícias suas. Retiram seu blog das listas porque sabem que as atualizações vão demorar de ocorrer - se voltarem a ocorrer, um dia. 

Mas a aura do blog me encanta. Com o advento do microblog do passarinho, as idéias antes desenvolvidas com ardor e poder se reduzem a míseros 140 caracteres que, usando da minha própria metalinguagem, acabei de extrapolar. Em outras palavras, a própria explicação da existência do Twitter ultrapassa sua auto-imposta fronteira. 

A rede social do Mark também é outro exemplo das atualizações superficiais que passamos a lidar diariamente. Não importa mais o aprofundar de pensamentos, o escancarar da alma, o choro das pitangas. Tudo passa a ser belo, prazeroso, lindo e ilustrado. Sim, as ilustrações das fotos nas melhores poses, com os melhores sorrisos, nos melhores momentos, com as melhores companhias e lugares inesquecíveis. 

Mas falho em ver onde está a profundidade dos discursos nessas chamadas redes sociais. Por mais diferentes que sejam as idéias dos outros, o fato delas serem debulhadas em mais de um mísero parágrafo, aqui na blogosfera, faz brilhar os meus olhos. Fico feliz em ver que existem seres que se preocupam em espalhar seus mirabolantes pensamentos, exacerbar suas opiniões, exercitar sua capacidade critica, seja ela de um um filme, de um livro, de um evento ou apenas idéias e fatos de um já tão batido cotidiano. 

E assim, eu tento retomar o meu prazer da escrita. Aos poucos, aproveitando os momentos de ócio para transforma-lo em criação. Voltando meu olhar para meu eu interior e me reapropriar de algo que sempre foi meu: minha capacidade critica, em forma de textos, crônicas, histórias e recados. 

Para você, que tem estado aqui, meu muito obrigado. Não ligue para a bagunça. As idéias são minhas, a casa é minha, mas eu adoro receber visitas. Fique à vontade. 


No iPod: Sirens, do album novo de Cher. 
No iPad: albums episódios da 3ª temporada de "As Panteras" me esperam.